sábado, 29 de janeiro de 2022

Ato do Dia da Visibilidade Trans na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes

Meus lindos e maravilhindas, consegui chegar a tempo! Apesar da noite chuvosa e o trânsito difícil, eu não desistiria. Não queria perder qualquer momento do ato pelo Dia da Visibilidade Trans que aconteceu ontem, dia 29 de janeiro, na Câmara de Mogi das Cruzes. E eu tinha uma pergunta a ser respondida até o final: queria saber como a sociedade: eu, você, amigos, minha mãe, etc, poderiam ajudar a visibilizar as pessoas trans e diminuir a violência contra elas?

O evento seguiu com apresentações artísticas e culturais, muitas cobranças (com razão) ao legislativo e ao judiciário, e, principalmente, muitas histórias de vida.
Relatos de vidas trans, incríveis pessoas que ensinaram como estamos tão distantes de que esses brasileiros e brasileiras sejam tratados como iguais ao restante da sociedade. Desde desrespeitos ao nome social num crachá durante um curso até quando morrem e na sua lápide ignoram o nome de quem elas eram, seja por não conhecerem a lei aprovada por mobilização do Fórum LGBT Mogiano, também presente e organizador do evento, ou por simples e puro preconceito mesmo. A representante do executivo na bancada disse que vai cobrar a retificação desse caso. Importante que as leis sejam respeitadas.
E essa bancada era linda, diversa no gênero e na sexualidade, e também nas formas e nas cores: mulheres trans negras e brancas ocupando o espaço que deveria desde sempre ter sido também ocupado por elas, representantes de ONGs que têm o árduo trabalho de acolher as muitas vítimas transfobia, pessoas trans da umbanda e da Congregação Cristã compartilhando a mesma mesa, e outras pessoas trans que coordenam movimentos novos de transgeneridade, mas nunca tão importantes. Na plateia tudo isso, e mais membros do Legislativo, líderes religiões de matrizes africanas, pastoras de igreja evangélica, artistas trans homens e mulheres acompanhados de suas famílias e amigos. Todas e todos buscando formas de se visibilizar na sociedade.

 
Essa sociedade que ainda não aprendeu que todos são seres humanos, escondendo os corpos trans, jogando os à margem e os matando. Matando não só pela violência física, mas pelas palavras, por não dar oportunidade e por não ver o próximo como ele quer ser visto... apontaram o que já estava era evidente, porém é importante sempre repetir até que isso mude: além do Brasil ser recordista em violência a transsexuais, o índice de suicídio dentro comunidade Trans e LGBTQ+ é bem maior do que entre heterossexuais.        
Violência que também se explícita pelas vozes de Brenda, mulher trans, negra e do movimento Periféricos LGBTQIAPN+, e pela de Fernando, homem trans, gay e do Núcleo Transexuais, Transgeneres e Travestis Mogiano: ambos, mesmo pagando os mesmos impostos cumprindo todas as suas obrigações como cidadãos de Mogi das Cruzes, têm que se deslocar até outra cidade, gastar mais tempo e recursos, para ter atendimento de saúde para realizarem e continuarem suas transições de gênero. Sim, claro que a saúde pública é ruim para todos, mas tudo é pior, seja a já citada saúde pública, acesso ao mercado de trabalho, ocupar espaços no Executivo, Legislativo e Judiciário, segurança pública, tudo o mais é ainda muito mais difícil e precário para a população trans e travesti.
Falando em segurança pública, ouvir a história da vereadora Rebecca, primeira mulher trans eleita em Salesópolis, cidade de 17 mil habitantes, me mostrou que a violências contra LGBTQ+ podem acontecer tanto numa metrópole quanto num bucólico munícipio do interior. Mas também aprendi que é possível que LGBTQs ocupem espaços públicos para justamente contribuir mais no combate a essas violências. Mogi, com mais de 450 mil habitantes, ainda não conseguiu esse feito.

Esses são apenas alguns poucos momentos no Ato promovido dentro da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes. Houve muito mais vozes transexuais, muito mais reivindicações ao poder público e à sociedade em geral para que nos lembrem da importância de ações TRANSformadoras, que sejam tomadas todos os, não só no Dia da Visibilidade Trans. 

A gente como sociedade que busca um mundo todas e todas sejam vistos e tratados como iguais podemos nas nossas empresas oferecer vagas as pessoas transgeneres e travestis, dar oportunidades de aprendizado, apoiar e compartilhar empresas que se disponibilizam a fazer isso já ajuda muito. Apoiar ações que viabilizem seus direitos à saúde e à segurança pública, igual a todo e qualquer outro cidadão ou cidadã. Nos próximos atos vá demonstrar seu apoio a causa, a ajudar no combate contra a violência trans, e, principalmente, não apoiar e não eleger aqueles que justamente incentivam justamente a segregação e o preconceito. Eleger pessoas trans, fazer com elas ocupem os espaços de poder, também será de grande contribuição não só a comunidade LGBTQIAPN+, mas a todos de forma geral porque fará para todos um lugar mais justo, que só vem com todos sendo representados. E, por final e mais importante, respeite.

A luta continua!✊🏽✊🏽✊🏽

#diadavisibilidadetrans #visibilidadetrans #travesti #transgeneros

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