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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Fujie e Mikito é um dos 5 finalistas do Prêmio Jabuti




Meus queridos e minhas maravilhosas💖, passando para lembrar que a cerimônia do Prêmio Jabuti🐢 acontece hoje, as 19h e será transmitida pelo canal do YouTube da CBL - Câmara Brasileira do Livro (link: https://m.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=ISEHUbLS7fQ).

"Fujie e Mikito", essa história real sobre uma família de imigrantes japoneses foi escrita por mim e tem a incrível arte do Marcelo Costa, é uma das 5 finalistas na categoria Melhor História em Quadrinhos.

Estar concorrendo na maior premiação editorial do Brasil entre amigos e autores que sempre admirei e são inspiração para mim é muito sonho realizado.

Já sou vitorioso demais e muito grato por chegar até aqui!

Beijos para todos vocês e vão lá assistir!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Fujie e Mikito - Medalha de Bronze no 14º Japan International Manga Award!


Fujie e Mikito foi Medalha de Bronze no 14º Prêmio Internacional de Mangá do Japão - Japan International Manga Award! Muito feliz e orgulhoso dessa obra ter conseguido mais um destaque e por ter ido tão longe (literalmente)!


Só tenho a agradecer muito as pessoas que contribuíram para a realização sucesso da obra em especial ao Marcelo Costa por sua arte que deu vida as várias gerações da Fukuda.✏🖌

A Editora Mino por ter topado projeto, em especial a editora Janaira de Luna e Pedro Cobiaco!

Ao Ivan Costa por absolutamente tudo, mas principalmente por ter estado ao meu lado nos momentos bons e ruins, mas principalmente nos mais difíceis, me apoiando durante as intempéries que surgiram no horizonte.

A organização do prêmio por fazer esse trabalho tão ímpar de dar valor às histórias em quadrinhos, sobretudo as que valorizam a cultura japonesa fora do Japão🇯, principal objetivo da premiação. Também sou grato, claro, por terem escolhido Fujie e Mikito entre 383 quadrinhos de 61 países.

A toda Família Fukuda por ter me emprestado sua história e suas jornadas, em especial a Akemi, neta de Fujie e Mikito, por suas traduções, por ainda prestar algumas consultorias quando se trata da língua japonesa e por ser um elo tão importante entre o passado e presente da família.

Grato a toda minha família pela força: mãe, as minhas irmãs e minha sobrinha lindas. A todos os meus amigos, os de Mogi da Cruzes, os de São José dos Campos e aos aqui de São Paulo. Também a algumas e alguns incríveis espalhados Brasil afora. Amo todos vocês.💚

A todos meus professores.

Brigadão a todos os canais de cultura geek tiraram um tempo para falar de Fujie e Mikito, em especial ao Mundo Gonzo, do meu amigo Cassiano Pinheiro.🙌🏿

Obrigado absolutamente a todos que torceram por mim. Agradecimento especial ao brother Wagner Willian que foi o primeiro quem avisou que o resultado tinha sido divulgado.

Parabéns ao Pedro Sotto, outro brasileiro medalhista!

E para adquirir Fujie e Mikito acessem: www.yuria.com.br

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Live - QUADRINHOS NÃO FICCIONAIS

Passando para avisar que amanhã (sábado), 18h, tem live comigo, o querido Cassiano Pinheiro e o mestrão professor Aristides Corrêa Dutra sobre QUADRINHOS NÃO FICCIONAIS.

Será no canal do Mundo Gonzo no Youtube.
No papo vamos falar sobre quadrinhos jornalísticos, doc drama, biografia, documentários com uma lista enorme de exemplos.

SÓ ENTRAR NO LINK E PARTICIPAR!


https://youtu.be/qjdPk_wh-KE


Aproveita e segue o Insta do Mundo Gonzo 😉😉😊😊

APOIADORES MUNDO GONZO
Metropolis Quadrinhos
Piticas Méier

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

FUJIE E MIKITO é indicado ao PRÊMIO JABUTI!

 FUJIE E MIKITO é um dos 10 indicados ao PRÊMIO JABUTI



Estou feliz demais por fazer parte dessa lista com tantos autores fenomenais e de ser reconhecido por um trabalho desenvolvido ao longo de 10 anos que começou como uma reportagem para o jornal da faculdade lá no meio de 2008, se tornando meu TCC no ano seguinte, passando por várias tentativas de publicá-lo ao longo dos anos, novos fatos e informações foram incorporados, depois de algumas tentativas e uma parceria produtiva finalmente veio o PROAC que tornou viável a publicação e na sequência a Editora Mino que topou fazer parte da aventura de dar forma a uma história que não poderia deixar de ser lembrada e conhecida, a história da família Fukuda.

Apesar dos árduos momentos e das difíceis decisões e suas consequências, Fujie e Mikito tiveram a coragem para enfrentar mudanças para buscar o melhor. Sem sombra de dúvida conhecê-los e também suas histórias foram um dos meus combustíveis para eu não desistir do projeto uma década atrás.

Então meus agradecimentos vão primeiro a eles que são sinônimos de perseverança e depois aos outros integrantes da família que desbravaram seu passado até o presente, em especial à Akemi, sem suas traduções nas entrevistas e impressões pessoais o quadrinho não seria possível.

Agradecimentos vão também ao Ivan Costa que esteve ao meu lado todo o tempo, principalmente quando tufões e tormentas assolavam o futuro do livro e o projeto parecia não ser mais possível, me ajudando a encontrar caminhos e a não desistir. E mais grato ainda por ele ser a ponte com o Marcelo Costa, o grande artista que topou percorrer essa jornada.

A Editora Mino, Pedro e a Jana, que fizeram com que o livro chegasse a tempo e com qualidade e a lugares distantes, para o primeiro público da obra: crianças e jovens de escolas rurais e de periferia.

Aos meus professores e colegas de faculdade que me incentivaram e torceram por mim lá em 2009.

A minha família e amigos incríveis que estiveram e estão ao meu lado, aos meus queridos e queridas que enviaram mensagens parabenizando e desejando sorte no dia de hoje.

Amo todos vocês!💖

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

AS TELHAS QUEBRADAS - Uma crônica sobre a irracionalidade

Aos prantos minha mãe conta pelo telefone que o vizinho a chamou no portão e fez acusações em frente a outros vizinhos de que ela e/ou os pedreiros, que trabalharam no começo do ano numa reforma na casa dela, haviam quebrado várias telhas em um beiral do telhado dele (figura 1). Os dois imóveis são sobrados geminados extremamente altos.

 Parece loucura, sim eu sei, que uma senhora de 73 anos iria arriscar sua vida ou a quebrar um ou vários de seus ossos, já bastante frágeis devido à idade, escalando 7 metros ou mais e ainda pular uma cerca elétrica somente para destruir telhas sem motivo nenhum. De forma direta ou indireta, ela foi acusada de ser a responsável ou condescendente com o dano no telhado do vizinho. Ela continua dizendo que tentava, repito, tentava argumentar de que houve um forte vendaval (fato amplamente divulgado na imprensa e em redes sociais, lembro de imagens que mostravam muitos imóveis destelhados e alguns com danos mais sérios no sul e sudeste do país) e que esse era o responsável pelo ocorrido. Não era ouvida. 

O vizinho, que não mora na casa e estava sem residentes há pelo menos dois anos, proferia que ela ou os pedreiros - que trabalharam na parte da frente do telhado - eram os responsáveis pelo o que aconteceu - no telhado dele na parte de trás. Minha mãe diz ainda que ele constantemente falava de que o ato era “coisa de bandido”, “bandidagem”, enquanto a esposa inflava o marido e suas acusações perante a outros vizinhos, dizendo que o que minha mãe contava “isso nunca havia acontecido” porque durante todo o tempo que tiveram a casa isso nunca ocorreu e, se aconteceu agora, era porque ela era a responsável.

O homem também reclamava de um pouco de reboco que havia caído do lado da garagem dele e que poderia ter “amassado” seu carro durante a tal reforma que minha mãe precisou fazer. Apesar de morar em outro lugar, o vizinho usa a casa para guardar um carro antigo (para não falar velho). Nesse caso deixou a entender que minha mãe teria que arcar com uma reforma em toda a garagem dele por causa do reboco caído. De fato, isso realmente aconteceu, mas nem minha mãe e nem os pedreiros viram na época, senão com certeza teriam tomado providência, bom, nesse caso posso ao menos falar pela minha mãe, mulher que sempre um foi um grande exemplo de dignidade e de responsabilidade com o próximo. Falando de forma realista, depois que eu vi o tamanho do tal reboco que caiu, o máximo de dano que teria feito no carro seria um pouco de sujeira. Sendo muito pessimista agora, o maior estrago seria um leve arranhado na lateral traseira, coisa que com um polimento de R$ 50,00 resolveria. Minha mãe, idosa, assustada e muito nervosa com todas as outras acusações, acabou falando que arcaria com o que fosse necessário, inclusive com possível uma reforma em toda a garagem do vizinho.

Durante toda a ligação, tento acalmá-la e digo que se caso ele ligasse ou aparecesse que era para passar meu número e falar diretamente comigo. Me programo para ir no final de semana e, se caso necessário, resolver a situação. Durante a semana toda não recebo nenhuma ligação, e como costumo torcer pelo melhor do ser humano, apesar de tudo que vem acontecendo, imagino que um lapso de consciência e razoabilidade pôde enfim ter ocorrido nas mentes do casal vizinho e eles finalmente puderam ver o quão delirantes estavam sendo e não importunariam mais minha mãe. Vou de qualquer forma para cuidar dela, que estava ainda abalada com o acontecido, sim, tenho que infelizmente furar o isolamento. A primeira coisa que ela me mostra são as tais telhas quebradas, e é bem evidente o que aconteceu (figura 2). Minha mãe diz que tinha ido a um médico que lhe receitou um ansiolítico e um outro remédio para dormir, tamanho foi o mal-estar gerado pela situação. Ela tem um problema cardíaco também. Tento distraí-la com refeições “diferentes” e passeios de carro pela cidade.

No sábado à tarde o tal vizinho liga. Eu atendo. Quer falar com minha mãe. Digo que eu estou lá para resolver a situação. Tento explicar o que aconteceu. Mal consigo falar. Ele está alterado “Então vocês não vão pagar, é isso? É isso? Não vão pagar?”, repete. Tenta desligar o telefone sem nem ouvir o que eu tenho para dizer. Eu quero resolver a situação, ele quer gritar. Há muita raiva nas suas palavras. As frases são curtas, repetidas várias e várias vezes. Busco trazer a racionalidade para a conversa. Por um breve momento consigo dizer que não havia lógica que minha mãe uma idosa subisse àquela altura só para destruir telhas, ou até mesmo que os pedreiros, que fizeram um serviço na frente de casa, iriam quebrar as telhas dele na parte de trás, por nada, sem motivo algum. Ouço insistentemente a esposa dele repetindo ao fundo “isso nunca havia acontecido”, “isso nunca havia acontecido”, e de novo e de novo...

Perco um pouco da paciência porque não sou ouvido, altero o tom de voz. Consigo, finalmente, propor que ele vá para a casa que eu chamaria um pedreiro para explicar o que aconteceu, o óbvio, e que se caso, por algum motivo insano, fossemos os responsáveis, eu me comprometia a arcar com todos custos (cada telha deve custar uns cinco reais, quebrou umas três, então tive uma mãe que quase infartou e que teve que tomar remédios controlados por causa de R$ 15,00...).

Ele e a esposa chegam. Lembro deles da época em que eu morava lá. Se minha memória não falha, eram religiosos, inclusive ele era ou é pastor de uma igreja tradicional protestante. Também trazem um pedreiro da confiança deles. Acho isso bom e engraçado. Muito provavelmente desconfiam que eu, minha mãe “alpinista” e o nosso pedreiro, um senhor experiente e muito paciente, estaríamos mancomunados em contar uma louca história que envolve eventos da natureza como vendavais que têm força suficiente para levantar algumas telhas velhas e que existe a gravidade que faz com que elas caiam. Desconfio que eles sejam do tipo que acreditam em Terra plana e vírus criado em laboratório para dominação global chinesa (desculpa, não resisti, mas realmente acredito). Nós cinco entramos na casa enquanto a esposa repete “isso nunca havia acontecido”, “isso nunca havia acontecido”. Na escada ao fundo do imóvel, todos conseguem ver o telhado, o meu pedreiro explica de forma bem didática, quase que para crianças:

“O vento forte fez a tampa da calha de alumínio voar, um material leve e que não estava pregado, o que acabou levantando algumas telhas. Uma delas caí na parte de baixo do telhado, quebrando uma outra telha. Se você contar as telhas que estão espalhadas, vai dar exatamente a quantidade que falta ali no beiral.” (figura 1 e 2)

O casal, evidentemente, não acredita no que o pedreiro explica, algo que qualquer pessoa que raciocinasse por dois segundos ou menos e que conhecesse minimamente as leis da física não fosse capaz explicar, e então, enquanto a vizinha ainda repete “isso nunca havia acontecido”, “isso nunca havia acontecido”, o marido pergunta para pedreiro deles se aquilo poderia realmente ter ocorrido. O rapaz, que tem massa cefálica e bom-senso, confirma a história.

Eu, disposto a resolver o problema ao invés de elaborar teorias sobre uma idosa de mais de 70 anos que pratica parkour em lugares altos e íngremes sendo uma vilã de telhados alheios, me disponho a conseguir as telhas para substituir as deles que estão quebradas. Na casa da minha mãe tem algumas extras por que sempre acabam quebrando (seja por causa de vento, chuva, sol e granizo, casa nova normalmente já precisa de uma manutenção constante, imagina casas que são mais velhas). Empresto também o martelo e pregos para o pedreiro deles (que mesmo jovem e atlético tem dificuldade para se locomover sobre e telhado e até para descer dele onde usa uma escada sobre outra escada para dar a altura) recolocar a tampa da calha. Penso que são só isso: pregos, telhas, martelo... coisas materiais, são coisas que a gente pode consertar, comprar, reparar, perder, trocar. Uma vida não tem como substituir. Não tem como trocar por outra. Não tem reparo. Assim como pode ser que as mágoas e humilhação de ser acusado ou acusada injustamente, por mais absurda que seja a acusação, e o impacto disso também pode ser que não tenha como consertar.

Após o rápido reparo que não demora nem 10 minutos, todos estamos do lado de fora da casa, o vizinho quer falar com minha mãe e diz que ela, apesar de todas as acusações que eu mesmo ouvi da boca dele, havia entendido errado. Isso é, a culpa ainda é do outro, no caso minha mãe. Pela forma como foi comigo na conversa ao telefone e como esposa continuava a insistir na insanidade da situação, um alimentando a loucura do outro, fica bem evidente que minha mãe entendeu tudo muito bem. Nenhum dos dois deu benefício da dúvida a minha mãe, ou a mim, ou até mesmo a um pedreiro experiente. Minha mãe, acertadamente e depois que tudo que passou, claro que não quer falar com eles. Falo que repararia o reboco da parede que caiu, que aquilo é realmente culpa nossa, mas eles dizem que já vão reformar a casa toda para a vender e que eu e nem minha mãe precisaríamos nos preocupar. Digo que se tiverem mais algum problema que era para falarem somente comigo.

Se ainda o casal pertence a alguma religião cristã não posso afirmar, mas se tem algo que não é tirado da gente é conhecimento, pelo menos das pessoas com cérebro, e independente se são ou não pessoas tementes a Deus, espero que seja de conhecimento deles, ainda mais de um pastor, a história de uma pessoa que foi acusada injustamente, sem direito a qualquer tipo de defesa, sendo punida com crucificação perante a muitas pessoas, outros aplaudiam e apoiavam a situação, inclusive colaborando com as humilhações que ocorriam. Não comparo minha mãe a essa pessoa, claro que não, ela inclusive ficaria bem brava comigo, só estou mostrando que acusações sem provas e irrazoáveis continuam a acontecer desde então, e nos últimos tempos tem sido inclusive estimuladas (um termo que também pode ser usado hoje em dia é “impulsionadas”), muitas vezes por aqueles que deveriam justamente se posicionar contra isso e, especialmente, combater tais coisas. Não aprenderam nada, mesmo se passando dois mil anos. Injustiças vêm se repetindo dia após dia, principalmente com pretos, pobres e mulheres de periferias em bairros e cidades distantes, que são, dentro do possível, noticiadas pela imprensa, mas também podem vir a acontecer com amigos, parentes, mães. Fiquemos atentos, indignados e combatentes em ambas as situações.

A irracionalidade pode uma hora bater no portão da sua casa.



Figura 1






sábado, 4 de abril de 2020

O canal BlogBuster indica Fujie e Mikito para se ler e (tentar) se divertir nessa quarentena

O BlogBuster além de indicar Fujie e Mikito e outras diversas dicas de quadrinhos para que você possa ler e se divertir nessa quarentena. 


Sempre importante lembrar: fique em casa, mantenha as medidas de higiene e use máscara.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Lançamento de Fujie e Mikito na CCXP


O lançamento será na CCXP - Comic Con Experience, mesa C30 do Artists' Alley. 

"A bagunçada vida de um jornalista passa por transformações quando resolve contar a real e épica jornada dos Fukuda, uma família japonesa que abriu mão de tudo para tentar a vida no Brasil."

Fruto de várias entrevistas e intensa pesquisa, FUJIE E MIKITO é uma narrativa humana, delicada, vibrante e atenciosa, que delineia a rica trajetória de uma das mais importantes famílias de agricultores do Cinturão Verde de São Paulo.

Arte de Marcelo Costa

Vídeo produzido por Flávio Aguilera

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Pré-venda de Fujie e Mikito anunciada

FUJIE E MIKITO, graphic novel com reportagem e roteirizada por essa pessoa que vós fala e a sensacional arte de Marcelo Costa, está em PRÉ-VENDA!


"A bagunçada vida de um jovem jornalista passa por transformações quando ele resolve contar a épica jornada dos Fukuda, uma família japonesa que abriu mão de tudo para tentar a vida no Brasil. Em seu novo trabalho, o jornalista e roteirista Yuri Andrey se junta ao experiente quadrinista Marcelo Costa para contar a luta de uma família de imigrantes através dos anos, reverberando as agruras e a perseverança de toda a história da imigração japonesa no Brasil. Fruto de intensa pesquisa, FUJIE E MIKITO é uma narrativa humana, delicada, vibrante e atenciosa, que delineia com emoção a  rica trajetória dos Fukudas no Brasil." 

Na lojinha com brinde + frete grátis: editoramino.com/loja

Na Amazon: https://amzn.to/2JMqVgD

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O Mundo de Aisha - A revolução silenciosa das mulheres no Iêmen

O italiano Ugo Bertotti desenha essa bela graphic novel a partir dos relatos da fotojornalista Agnes Montanari, que colabora com o livro não só com seu depoimento, mas também com fotos tiradas durante o tempo em que ficou no Iêmen. Então, ainda não sei por que do nome dela não aparece como autora ou coautora do livro. Um pouco do mesmo machismo do Iêmen pode ainda ressoar com alguma intensidade no mundo ocidental.

Enfim, voltando a obra, mais especificamente ao subtítulo em português que fala sobre uma revolução silenciosa. Essa tal revolução não chega nem a ser um ruído, talvez um sussurro abafado dentro de um niqab (vestimenta típica que cobre o corpo todo das mulheres deixando apenas seus olhos a mostra) de tão silenciosa, mas não que não tenha sua relevância. Tem sim, e muita, principalmente para as mulheres de lá. Quero dizer com isso que diante da sociedade machista, misógina, retrógrada em que elas vivem, não há mudanças significativas no comportamento dessa sociedade em si. Existe sim uma mudança nos grupos de mulheres que sofrem com a total falta de estrutura para dar-lhes qualquer apoio, suporte ou orientação. As histórias deixam isso bem claro. E para quem pensa que esses pequenos sussurros revolucionários são recentes, precisa realmente ler a obra. Elas já vêm mostrando sua força e vontade de mudar há muitos anos.

Basicamente são três mulheres que nos guiam sobre os costumes e suas histórias de um mundo muito distante do nosso, sendo muito, muito distante culturalmente. O que elas sentem ou almejam ninguém se importa. Apenas seus atos rebeldes são notados e na maioria das vezes há alguma forma de punição. Uma simples ida a janela de casa sem o niqab pode ser interpretado como um ato de insurgência, pode custar a vida de uma mulher e seu agressor ficar impune. Atos que vão além da coragem e da rebeldia. Atitudes que são necessárias muitas vezes por serem a única alternativa. Elas chegam a pagar um preço muito alto por suas posturas e quererem dar um país mais livre as futuras gerações de mulheres iemenitas.

Pode se encontrar referências a outras obras relacionadas a nona arte e ao jornalismo. Por exemplo, o traço de Bertotti e o tema são muito ligados a Persepólis de Marjane Satrapi, aliás o Oriente Médio, universo muçulmano e guerras de cunho religioso são retratados de forma recorrente no universo do jornalismo e quadrinhos. Talvez pelas ações terroristas diretamente ligadas a grupos extremistas que repercutem de forma intensa e exaustiva nos meios de comunicação. Talvez pelos intensos conflitos armados em si que também ganham notícias diariamente. Talvez pela curiosidade em geral do povo ocidental pela cultura em torno do islamismo. Talvez, e prefiro acreditar nesse, seja pela tentativa universal de empatia e de se solidarizar de alguma forma com alguns grupos, sobretudo o de mulheres, pela maneira como são tratados pelos regimes que têm como uma de suas bases políticas o islamismo. Na maioria das vezes tratadas com muita repressão e violência.

O trabalho fotográfico de Montanari é outro aspecto ligado ao tema jornalismo/quadrinhos que fazem de alguma forma alusão a uma outra graphic chamada O Fotógrafo de Didier Lefèvre que narra sua viagem pelo Afeganistão com um grupo do Médico Sem Fronteiras em meados dos anos 1980. Em ambos os quadrinhos, as fotos têm um papel fundamental de corroboração com a história ou as histórias. Usam de forma a impactar com mais intensidade o que já fora registrado em desenhos. Deixando tudo ainda mais humanizado. Criando uma narrativa única, podendo se tornar um gênero com características próprias do híbrido entre quadrinhos, jornalismo e fotografia.
Há uma passagem onírica bem colocada e outra em que há uma lenda sobre a fundação da cidade Sanaa, capital do Iêmen, ambas na última história que fala da vida de Aisha e de outras mulheres que ela tem contato. No documentário em forma de desenho animado Valsa com Bashir dirigido por Ari Folman, que depois virou uma graphic novel, é recheado de momentos de sonhos, ou pesadelos, que percorrem a obra toda. O próprio Folman disse que a animação foi o meio encontrado para dar forma a esses sonhos. Com um documentário comum não seria possível, ou até seria, porém, os custos de produção seriam astronômicos. No Mundo de Aisha são poucas passagens desse tipo, diferente da obra de Folman, onde os sonhos são fundamentais para a narrativa, mas no livro de Bertotti esses momentos fazem uma metáfora ao comportamento opressor recebido pelas as mulheres, contando até sua provável origem, antes mesmo da criação do islamismo.

Com todos esses aspectos O Mundo de Aisha se torna uma obra sobre a terrível realidade da vida das mulheres iemenitas. Também é inspirador conhecer a história de força e de organização dessas esposas, filhas, mães, ao querer uma vida melhor, um Iêmen mais justo para suas mulheres. Pode até ser um movimento muito silencioso, mas que é poderoso e inevitável.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Quatro Marias e o Aborto no Brasil


Apresento a vocês um belo trabalho sobre a triste realidade do aborto aqui no Brasil, é o Quatro Marias. Duas estudantes, Helô e Joyce, e sua professora, Bianca, produziram uma reportagem sensível e bem informativa em quadrinhos sobre quatro mulheres que passaram por situações em que tiveram que abortar.
As histórias reais dessas mulheres se unem a textos informativos e entrevistas com pessoas de diversas áreas, contribuindo para dar um panorama sobre esse momento que fez, faz ou pode vir a fazer parte da vida de algumas mulheres, e ainda é um grande tabu na nossa sociedade. O aborto, sua legalidade, seus procedimentos, suas consequências, enfim tudo que envolve esse assunto deve ser cada vez mais discutido e esclarecido, e essas moças da Cásper Líbero o fazem de forma muito assertiva.

Além das histórias, o site ainda contém dados sobre o assunto, perguntas frequentes e como foi todo o processo de produção da reportagem, desde as entrevistas até a elaboração dos desenhos. 

Vale muito a pena conferir!!!